UGARELLI

O comércio eletrônico, ou e-commerce, tornou-se uma parte integral do cotidiano, proporcionando conveniência e acesso a uma ampla gama de produtos e serviços com apenas alguns cliques. No entanto, junto com os benefícios do e-commerce, surgem também questões relacionadas aos direitos e deveres dos consumidores. Neste artigo, vamos explorar mais sobre o e-commerce, o impacto ao consumidor e seus direitos em compras online.

Direito à Informação e Publicidade/Propaganda Enganosa

Um dos princípios fundamentais do direito do consumidor é o direito à informação adequada e clara sobre os produtos e serviços oferecidos. No e-commerce, isso significa fornecer informações precisas sobre os produtos, incluindo características, preço total (incluindo taxas adicionais, como frete), prazos de entrega e políticas de devolução.

Os consumidores têm o direito de tomar decisões informadas antes de realizar uma compra online. Portanto, os comerciantes eletrônicos devem garantir que todas as informações relevantes estejam claramente disponíveis em seus websites.

Além disso, é preciso ter bastante cautela sobre as informações que constam nos sites de compras. Recomenda-se, sempre que possível, tirar prints ou realizar a impressão (em PDF) sobre a tela da compra para que se tenha provas da oferta que tenha sido vinculada. Assim, caso o estabelecimento não cumpra com aquela oferta, o consumidor poderá exigir seu cumprimento, a restituição do valor pago mais perdas e danos ou ainda outro produto/serviço equivalente, conforme assegura o art. 35 do CDC.

Direito de Arrependimento

Outro direito importante dos consumidores no e-commerce é o direito de arrependimento, também conhecido como direito de desistência. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, quando a compra for realizada fora do estabelecimento físico, o consumidor tem até 7 (sete) dias após o recebimento do produto para se arrepender da compra e solicitar o cancelamento, sem a necessidade de justificar sua decisão.

Este direito é especialmente relevante para compras online, onde o consumidor não tem a oportunidade de examinar o produto pessoalmente antes de efetuar a compra.

Mas atenção: é importante destacar que o direito de arrependimento não se aplica a todos os tipos de produtos, como os itens personalizados ou perecíveis, por exemplo.

Segurança nas Transações Online

A segurança nas transações online é uma preocupação significativa para os consumidores. Eles têm o direito de realizar transações seguras e proteger suas informações pessoais e financeiras contra roubo e uso indevido.

Os comerciantes eletrônicos têm a responsabilidade de implementar medidas de segurança adequadas para proteger as informações dos clientes, como a utilização de protocolos de criptografia SSL (Secure Sockets Layer) para transmissão segura de dados e a adoção de práticas de segurança de dados para proteger contra-ataques cibernéticos.

Infelizmente, não é incomum o vazamento ou uso indevido de dados bancários e/ou pessoais em sites de compras. Por isso, o consumidor deve estar atento aos sites em que realiza compras, como também verificar se outras pessoas já efetuaram adquiriram nestes sites. Uma boa alternativa é a buscar em portais como o RECLAME AQUI (https://www.reclameaqui.com.br/), para verificar a reputação da empresa.

Resolução de Conflitos

Em caso de problemas com uma compra online, os consumidores têm direito a uma resolução rápida e eficaz. Eles podem recorrer aos órgãos de defesa do consumidor, como o PROCON de seu estado, para buscar uma solução amigável para o conflito – a maioria dos PROCONs já possuem sistemas para efetuar a reclamação de modo totalmente online.

O portal CONSUMIDOR.GOV (http://www.consumidor.gov.br/) também é uma alternativa bastante válida e eficaz, pois possibilita registrar a reclamação de modo totalmente online. Trata-se de um sistema mantido pelo Governo Federal que integra diversos órgãos de proteção ao consumidor, tais como PROCONs, Ministério da Justiça (SENACON), Ministério Público, entre outros.

Além das duas alternativas citadas acima, geridas pelo Poder Público, o portal RECLAME AQUI, citado acima, também se faz como uma ferramenta bastante relevante para solução de conflitos. As empresas, preocupadas com sua reputação, muitas vezes propõem soluções facilitadas pela plataforma para garantir uma boa avaliação – garantindo uma solução de conflitos eficaz e rápida.

Vale destacar que o consumidor também pode optar por resolver o problema por meio de métodos alternativos de resolução de disputas, como a mediação ou a arbitragem, que podem ser mais rápidos e menos onerosos do que o processo judicial tradicional. Entretanto, é preciso estar atento aos custos destes procedimentos – que geralmente são mais altos – como também buscar profissionais especializados.

A última alternativa é a propositura de ação judicial perante os Juizados Especiais ou as Varas Cíveis. Entretanto, recomenda-se que o consumidor busque exaurir todas as alternativas acima antes de ingressar com esse procedimento.

Considerações Finais

O e-commerce oferece muitas vantagens aos consumidores, mas também traz consigo desafios e preocupações relacionadas aos direitos do consumidor. É essencial que os consumidores estejam cientes de seus direitos e que os comerciantes eletrônicos cumpram com suas obrigações para garantir uma experiência de compra segura e satisfatória para todos.

Ao compreender e exercer seus direitos como consumidores, os clientes podem desfrutar dos benefícios da compra online com confiança e tranquilidade, sabendo que estão protegidos pela legislação vigente.

Mas nossa dica final é: o consumidor deve ter bastante cautela nos locais que realiza suas compras, as formas de pagamento, os dados compartilhados, as formas e prazos de entrega e as políticas de trocas e devoluções. A pesquisa prévia sobre o estabelecimento é fundamental!

Atenção: este artigo tem caráter meramente informativo e não substitui a consulta a um advogado especializado no assunto.

Caso precise de assessoria, contate-nos e agende um horário.

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